sexta-feira, 21 de junho de 2013

Apenas ar

Lembro-me de quando escrevi palavras sinceras a uma pessoa que amava muito. Dediquei uma poesia ao anjo dos meus sonhos, a ave delicada que sempre aparecia em minha janela. Apesar de todas as tempestades e invernos que nos surpreenderam, não deixo de manter tudo o que escrevi sob proteção. Nada do que digo se esvai com o tempo, com o vento, com as ondas, com a chuva. Minhas palavras não morrem. O papel se desgasta, a tinta borra, mas o significado dos meus pensamentos permanece inalterável. “Não chore, príncipe, porque o seu sorriso é lindo.” Lembra-se? Não sofra por mim. Não merecemos isso. Sou tão pouco, tão pequena, tão confusa, tão pálida. Pense nos verões que retornarão, não no frio que a atormenta. Não sou uma onda, tampouco o oceano inteiro. Sou apenas uma concha suja qualquer enterrada sob a areia úmida. Colecione raios de sol, querido. São esses riscos dourados que valem a pena. Olhe para cima e conte as estrelas. Atenha-se a brilhos e seja feliz. Pense em mim apenas como uma amiga, um astro distante que estará sempre no firmamento sorrindo a você. É melhor assim, não acha? Eu, você, sempre próximos, separados apenas pelo desejo do destino. Não há motivos para chorar. Não há motivos para correr. Há, sim, motivos para sonhar. Eu sonho com o dia em que riremos juntos de todo o passado enquanto tomamos café. Ou chá. Ou refrigerante. Ou, quem sabe, apenas ar.

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